No dia 05 de junho último, Dia do Meio Ambiente, o Fórum recebeu e compartilhou o cordel "O Arco Metropolitano", de autoria de Bartolomeu
Leal de Sá. Sua poesia sintetiza nossa luta pela proteção da Mata
Atlântica, nossos rios, nossa fauna e nossa flora. Transcrevemos aqui os versos:
O ARCO METROPOLITANO
Leitor deste meu cordel
Peço toda a sua atenção,
Pois o tema que abordo
Requer muita reflexão.
E devido a sua importância
Exige concentração.
O caso é que querem alterar
De maneira irreversível
Um pedacinho da Terra,
E o efeito será horrível.
Voltar ao que era antes
Sabemos que é impossível.
É o que resta no Brasil
Da Mata Atlântica original,
Onde as copas se entrelaçam,
Um Patrimônio natural,
Contínuo e sem vazios.
Um santuário ambiental!
É o coração de ALDEIA.
E Aldeia é o conjunto união,
De partes de oito municípios,
Cada um com um filão
De floresta e microclima,
Ameno, de inverno a verão!
Paulista, Camaragibe,
Araçoiaba integral.
Igarassu, São Lourenço,
E Paudalho parcial,
Abreu e Lima e também
Recife que é Capital.
Sabendo o valor da relíquia
Para a Aldeia e a região,
E que, sendo uma área frágil,
Precisava de proteção,
As pessoas conscientes
Entraram logo em ação:
Criaram o parlamento:
Fórum Socioambiental
Para defender Aldeia
Com instrumento legal,
Pensando globalmente,
E agindo no local!
Os integrantes do Fórum
Delinearam o mapa
Usando a legislação
Fizeram de Aldeia uma APA
Uma área de proteção
Que tem da lei uma CAPA
A CAPA é a Lei que garante
Proteção Ambiental,
Por ser aquele lugar
Uma zona especial.
Um ecossistema aberto
Para a vida essencial.
Neste cordel vou mostrar
O motivo da intervenção.
E também enfatizar
Que haverá devastação.
Não só no primeiro impacto
Mas com a continuação.
É necessário uma estrada
De Suape até Goiana,
Cidade que há muito tempo
Vivia de plantar cana.
Agora vai fazer carro
De uma fábrica italiana.
E para ligar Suape
Com a Zona da Mata Norte
O Departamento Nacional
De Infraestrutura e Transporte
Fez convite a um consórcio
De empresas de grande porte.
Eu sei que é preciso
Fazer essa ligação,
Para o abastecimento,
E para a exportação,
Transportar mercadorias,
E também a população.
Mas se a estrada passar
Pelo local escolhido,
O último reduto da mata
Será em dois repartido,
E o coração de Aldeia
Mortalmente atingido
A área tem proteção
Da Lei dos Mananciais
Tem o rio Utinga, o Bonança,
E com as águas pluviais,
Alimentam o rio Monjope
Vai tudo pros manguezais.
Riachos Paca e Besouro,
O Rio Camaragibe
Que desce e é afluente
Do Rio Capibaribe.
Na APA tem a nascente
Do aquífero, e do Beberibe.
E é por esse motivo
Que a APA foi chamada
APA Aldeia BEBERIBE,
Pois com água é batizada
Respeitando as tradições
Das coisas que são sagradas.
O mote que baliza
Em qualquer planejamento
É a bacia hidrográfica
Que faz o escoamento
D’água das fontes, da chuva,
E evita assoreamento
Deveria fazer parte
Da equipe do projeto
O Comitê da Bacia
Pra discutir em aberto
Pois é interesse de todos
E não pode ser secreto.
Nos últimos 15 anos
Pernambuco prosperou,
Mas como é nossa cultura,
O Estado não prospectou
E o grande empreendimento
Em nosso estado aportou.
O trânsito nas estradas
É ruim, e vai piorar,
A mobilidade urbana,
Agora vai colapsar.
Uma solução urgente,
É necessário encontrar.
Mas não se vê, nas cidades
Espaço, que é o que está faltando.
E no pátio das montadoras,
Tem muito carro sobrando.
Quero ver como vai ser
Pra ter mais carros rodando.
Para ter uma solução
De forma definitiva,
Em vez de fábrica de carro,
A melhor alternativa,
É fabricar no estado
Vagões e locomotivas.
Botar o Brasil nos trilhos
É nossa grande esperança.
Fazer sempre rodovias
É dançar a mesma dança,
Repetindo os mesmos erros,
Nunca teremos mudança.
Modernas estradas de ferro
Com trens de velocidade
Uns pra gente, outros pra cargas
Passando pela cidade
E paralelos à BR
Onde houver possibilidade.
Assim opções existem
Para fazer uma via.
Em vez de estrada pra carro,
Por que não a FERROVIA
Para não continuar
No Brasil com rodovias?
No Canal de Santa Cruz
Há um porto natural
Transportar cargas pesadas
Pelo mar é o ideal.
Por que não explotar
Todo aquele potencial?
Levar tudo prá SUAPE
Concentra a Economia
E a curva do progresso
Desenha uma assimetria
Melhor é distribuir
Que evita essa anomalia
O DNIT e o consórcio
Têm muitos bons engenheiros
Já venceram desafios
Em que foram pioneiros.
Só não venham me dizer
Que pra isso não tem dinheiro.
Alegam que o traçado
É questão de economia.
A sustentabilidade
Do progresso, todavia,
Tem fundamento no trabalho,
E, como base a ECOLOGIA.
A Floresta na verdade,
É uma indústria primal.
E seu produto acabado
É o recurso natural,
Que é o insumo primário
Da indústria artificial.
Desrespeito à Natureza
É irresponsabilidade
Nosso planeta precisa
De sustentabilidade
Pras futuras gerações
Viverem com qualidade.
Portanto se nessa área
Construírem uma VIA,
Aos poucos vão desmatar
Também na periferia
Condomínios vão instalar
Pra oferecer moradia.
É a externalidade
Que em vez do bem, traz o mal,
Aumenta o efeito estufa,
E o aquecimento global.
Preservando evitaremos,
Um desastre ambiental!
É o que ocorrerá
Se esta mata for cortada
Em 40 ou 50 anos
Ela estará acabada.
E a temperatura da Terra
Estará mais elevada.
Na borda daquela mata
É onde se deve instalar
O quartel da CIPOMA,
A sede da CPRH,
E os animais apreendidos
Devem ser soltos lá!
“Preservar tem alto custo
E quem paga é a sociedade”
Sem pensar o que dizia,
Falou uma autoridade.
Mas desmatar sai mais caro,
E quem paga é a humanidade.
Para o consórcio e o DNIT
APA não tem significado
É apenas uma mata,
Um espaço a ser ocupado.
Para os que sabem seu valor
APA é um lugar sagrado.
Esse projeto é uma CUNHA
Pra quebrar a unidade.
Partindo a mata ao meio,
Ficam só duas metades.
Nosso argumento enfraquece,
É aí que está a verdade!
Os soldados na ditadura
Pra fazer a dispersão,
Também usavam a CUNHA
Que era a melhor formação.
Dividindo a massa ao meio
Dissolvia a multidão.
E o nome deste projeto
Por isso foi escolhido.
Pois o destino da mata
No título está definido:
ARCO tem forma de FOICE
Está bem claro o sentido.
Uma mata preservada
Pode render lucro sem ônus,
Se isso for negociado
No mercado do Carbono.
Que é um mercado criado
Nas conferências da ONU.
Leitor o que peço agora
É sua adesão verdadeira,
Apelando pro governo
Não cometer essa asneira
Para ligar Suape a Goiana,
Descubra outra maneira.
O Artigo 225
Diz na Constituição
Que compete ao Poder Público
E também ao cidadão
Defender o Meio Ambiente
Contra a devastação
Vamos apoiar o Fórum
Nessa luta desigual.
De um lado está a Natureza
Do outro lado está o CAPITAL
Usando o falso argumento
Do interesse social.
Estamos mobilizados
Cumprindo nosso dever
Continuamos na luta
Nem sei se vamos vencer
No entanto, se não lutarmos,
É a certeza perder!
Este cordel é profético,
Mas não vamos alcançar
Para ver as consequências
Se a estrada a mata cortar.
Só as gerações futuras
Poderão testemunhar.
Nossos bisnetos, no entanto,
Quando já forem avós,
Olhando o PANTEON DA GLÓRIA,
Vendo os nomes de heróis,
Dirão dos membros do FÓRUM:
ELES LUTARAM POR NÓS!
Leitor deste meu cordel
Peço toda a sua atenção,
Pois o tema que abordo
Requer muita reflexão.
E devido a sua importância
Exige concentração.
O caso é que querem alterar
De maneira irreversível
Um pedacinho da Terra,
E o efeito será horrível.
Voltar ao que era antes
Sabemos que é impossível.
É o que resta no Brasil
Da Mata Atlântica original,
Onde as copas se entrelaçam,
Um Patrimônio natural,
Contínuo e sem vazios.
Um santuário ambiental!
É o coração de ALDEIA.
E Aldeia é o conjunto união,
De partes de oito municípios,
Cada um com um filão
De floresta e microclima,
Ameno, de inverno a verão!
Paulista, Camaragibe,
Araçoiaba integral.
Igarassu, São Lourenço,
E Paudalho parcial,
Abreu e Lima e também
Recife que é Capital.
Sabendo o valor da relíquia
Para a Aldeia e a região,
E que, sendo uma área frágil,
Precisava de proteção,
As pessoas conscientes
Entraram logo em ação:
Criaram o parlamento:
Fórum Socioambiental
Para defender Aldeia
Com instrumento legal,
Pensando globalmente,
E agindo no local!
Os integrantes do Fórum
Delinearam o mapa
Usando a legislação
Fizeram de Aldeia uma APA
Uma área de proteção
Que tem da lei uma CAPA
A CAPA é a Lei que garante
Proteção Ambiental,
Por ser aquele lugar
Uma zona especial.
Um ecossistema aberto
Para a vida essencial.
Neste cordel vou mostrar
O motivo da intervenção.
E também enfatizar
Que haverá devastação.
Não só no primeiro impacto
Mas com a continuação.
É necessário uma estrada
De Suape até Goiana,
Cidade que há muito tempo
Vivia de plantar cana.
Agora vai fazer carro
De uma fábrica italiana.
E para ligar Suape
Com a Zona da Mata Norte
O Departamento Nacional
De Infraestrutura e Transporte
Fez convite a um consórcio
De empresas de grande porte.
Eu sei que é preciso
Fazer essa ligação,
Para o abastecimento,
E para a exportação,
Transportar mercadorias,
E também a população.
Mas se a estrada passar
Pelo local escolhido,
O último reduto da mata
Será em dois repartido,
E o coração de Aldeia
Mortalmente atingido
A área tem proteção
Da Lei dos Mananciais
Tem o rio Utinga, o Bonança,
E com as águas pluviais,
Alimentam o rio Monjope
Vai tudo pros manguezais.
Riachos Paca e Besouro,
O Rio Camaragibe
Que desce e é afluente
Do Rio Capibaribe.
Na APA tem a nascente
Do aquífero, e do Beberibe.
E é por esse motivo
Que a APA foi chamada
APA Aldeia BEBERIBE,
Pois com água é batizada
Respeitando as tradições
Das coisas que são sagradas.
O mote que baliza
Em qualquer planejamento
É a bacia hidrográfica
Que faz o escoamento
D’água das fontes, da chuva,
E evita assoreamento
Deveria fazer parte
Da equipe do projeto
O Comitê da Bacia
Pra discutir em aberto
Pois é interesse de todos
E não pode ser secreto.
Nos últimos 15 anos
Pernambuco prosperou,
Mas como é nossa cultura,
O Estado não prospectou
E o grande empreendimento
Em nosso estado aportou.
O trânsito nas estradas
É ruim, e vai piorar,
A mobilidade urbana,
Agora vai colapsar.
Uma solução urgente,
É necessário encontrar.
Mas não se vê, nas cidades
Espaço, que é o que está faltando.
E no pátio das montadoras,
Tem muito carro sobrando.
Quero ver como vai ser
Pra ter mais carros rodando.
Para ter uma solução
De forma definitiva,
Em vez de fábrica de carro,
A melhor alternativa,
É fabricar no estado
Vagões e locomotivas.
Botar o Brasil nos trilhos
É nossa grande esperança.
Fazer sempre rodovias
É dançar a mesma dança,
Repetindo os mesmos erros,
Nunca teremos mudança.
Modernas estradas de ferro
Com trens de velocidade
Uns pra gente, outros pra cargas
Passando pela cidade
E paralelos à BR
Onde houver possibilidade.
Assim opções existem
Para fazer uma via.
Em vez de estrada pra carro,
Por que não a FERROVIA
Para não continuar
No Brasil com rodovias?
No Canal de Santa Cruz
Há um porto natural
Transportar cargas pesadas
Pelo mar é o ideal.
Por que não explotar
Todo aquele potencial?
Levar tudo prá SUAPE
Concentra a Economia
E a curva do progresso
Desenha uma assimetria
Melhor é distribuir
Que evita essa anomalia
O DNIT e o consórcio
Têm muitos bons engenheiros
Já venceram desafios
Em que foram pioneiros.
Só não venham me dizer
Que pra isso não tem dinheiro.
Alegam que o traçado
É questão de economia.
A sustentabilidade
Do progresso, todavia,
Tem fundamento no trabalho,
E, como base a ECOLOGIA.
A Floresta na verdade,
É uma indústria primal.
E seu produto acabado
É o recurso natural,
Que é o insumo primário
Da indústria artificial.
Desrespeito à Natureza
É irresponsabilidade
Nosso planeta precisa
De sustentabilidade
Pras futuras gerações
Viverem com qualidade.
Portanto se nessa área
Construírem uma VIA,
Aos poucos vão desmatar
Também na periferia
Condomínios vão instalar
Pra oferecer moradia.
É a externalidade
Que em vez do bem, traz o mal,
Aumenta o efeito estufa,
E o aquecimento global.
Preservando evitaremos,
Um desastre ambiental!
É o que ocorrerá
Se esta mata for cortada
Em 40 ou 50 anos
Ela estará acabada.
E a temperatura da Terra
Estará mais elevada.
Na borda daquela mata
É onde se deve instalar
O quartel da CIPOMA,
A sede da CPRH,
E os animais apreendidos
Devem ser soltos lá!
“Preservar tem alto custo
E quem paga é a sociedade”
Sem pensar o que dizia,
Falou uma autoridade.
Mas desmatar sai mais caro,
E quem paga é a humanidade.
Para o consórcio e o DNIT
APA não tem significado
É apenas uma mata,
Um espaço a ser ocupado.
Para os que sabem seu valor
APA é um lugar sagrado.
Esse projeto é uma CUNHA
Pra quebrar a unidade.
Partindo a mata ao meio,
Ficam só duas metades.
Nosso argumento enfraquece,
É aí que está a verdade!
Os soldados na ditadura
Pra fazer a dispersão,
Também usavam a CUNHA
Que era a melhor formação.
Dividindo a massa ao meio
Dissolvia a multidão.
E o nome deste projeto
Por isso foi escolhido.
Pois o destino da mata
No título está definido:
ARCO tem forma de FOICE
Está bem claro o sentido.
Uma mata preservada
Pode render lucro sem ônus,
Se isso for negociado
No mercado do Carbono.
Que é um mercado criado
Nas conferências da ONU.
Leitor o que peço agora
É sua adesão verdadeira,
Apelando pro governo
Não cometer essa asneira
Para ligar Suape a Goiana,
Descubra outra maneira.
O Artigo 225
Diz na Constituição
Que compete ao Poder Público
E também ao cidadão
Defender o Meio Ambiente
Contra a devastação
Vamos apoiar o Fórum
Nessa luta desigual.
De um lado está a Natureza
Do outro lado está o CAPITAL
Usando o falso argumento
Do interesse social.
Estamos mobilizados
Cumprindo nosso dever
Continuamos na luta
Nem sei se vamos vencer
No entanto, se não lutarmos,
É a certeza perder!
Este cordel é profético,
Mas não vamos alcançar
Para ver as consequências
Se a estrada a mata cortar.
Só as gerações futuras
Poderão testemunhar.
Nossos bisnetos, no entanto,
Quando já forem avós,
Olhando o PANTEON DA GLÓRIA,
Vendo os nomes de heróis,
Dirão dos membros do FÓRUM:
ELES LUTARAM POR NÓS!
(Bartolomeu Leal de Sá)