segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O desastre hídrico do Arco Metropolitano chega à imprensa



Parece que o que dizemos e discutimos há muito tempo finalmente chegou aos meios de comunicação de massa. Isto é muito bom, pois põe o assunto em discussões de diversos níveis e esferas – sociais e públicas – e, ao mesmo tempo, é triste, pois significa que o descaso e a falta de responsabilidade socioambiental chegou a um ponto realmente ameaçador.

Mas nunca é tarde para abrirmos os olhos e começar a repensar o mundo e o meio ambiente em que vivemos. A luta do Fórum Socioambiental de Aldeia, a nossa luta, continuará e cada vez mais forte, pois a natureza nos respalda e as consequências climáticas resultantes da falta de cuidado com ela nos dá argumentos para seguir adiante.

Abaixo reproduzimos as manchetes de hoje dos principais jornais pernambucanos sobre a iminente crise hídrica de nosso estado, e publicamos texto de nosso colega Marcos Sampaio, que discorre mais profundamente sobre os efeitos do desmatamento e destruição de áreas de preservação ambiental como a nossa APA Aldeia-Beberibe.

O assunto é sério e com seriedade deve ser tratado, pensando não apenas no hoje, nos ganhos econômicos de uns poucos, mas cada vez mais num amanhã com qualidade de vida para todos.


O TRAJETO DO ARCO METROPOLITANO E A FALTA D'ÁGUA

Vale a pena esclarecer:
O abastecimento d'água de muitas cidades pernambucanas vai depender do trajeto a ser escolhido para o Arco Metropolitano. Todos concordam em que é necessário ligar Goiana direto a Suape, desengarrafando a BR 101 e livrando o Recife de um tráfego desnecessário. A questão está na escolha do caminho por onde esta via passará.

Acontece que Olinda, Igarassu, Paulista e Abreu e Lima são abastecidas basicamente pelo Sistema Botafogo, a Barragem de Botafogo se destaca como único reservatório no Litoral Norte que alimenta a Região Metropolitana do Recife. Mesmo protegido por lei, o entorno da barragem já vem sendo devastado ao longo dos anos. Assim é que, para precipitações pluviométricas semelhantes às normais para a região, o nível da água já não se recupera como antes. Começou o racionamento.

Em vez de corrigir esta situação com reflorestamento - ao contrário - cogita-se escolher um trajeto que piorará a situação, passando pela Usina São José, área em que o Arco corta justamente as nascentes que alimentam o Sistema Botafogo em questão!

Noticia-se que a Usina São José, aliada à Pernambuco Construtora e a 5 prefeitos da região, estão convencendo o Senador Humberto Costa e o Ministro Armando Monteiro de que há vantagem econômica em que a estrada passe próximo à Barragem. Querem fazer crer que não há mal em cortar a Área de Proteção Ambiental (APA Aldeia-Beberibe), como se fosse possível fazer isso sem afetar o abastecimento d'água de tanta gente.

Esquecem-se do assoreamento dos cursos d'água, esquecem-se de que as drenagens passam a receber lançamentos da pista, deteriora-se a qualidade da água, aumenta fortemente a perda por evaporação, surge o risco de poluição por acidentes. E, pior, começam as ocupações, assim como ocorrem ao longo das estradas por aqui. Enfim, que vantagem traz esse trajeto, que promete um racionamento desgraçado?
Marcos Sampaio

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