quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

CARTA ABERTA

Sr. Governador Eduardo Campos, Sra. Ex-Senadora Marina Silva e Secretário do Meio Ambiente de Pernambuco Sérgio Xavier.

“A destruição da Mata Atlântica brasileira e de sua vida silvestre começou no início do século XVI (Dean, 1995; Coimbra-Filho & Câmara, 1996), e a gravidade dessa destruição alarmou até mesmo a Rainha de Portugal, que ordenou, em 1797, ao governador da Capitania da Paraíba, que tomasse as medidas necessárias para parar a destruição das florestas de sua colônia (Jorge Pádua & Coimbra-Filho, 1979).”

Passados 217 anos, muito mais alarmados, nós voltamos a recorrer, agora, ao Sr. Governador do Estado de Pernambuco, para que tome medidas “urgenciais” para evitar o golpe iminente de destruição definitiva do que restou das migalhas de Mata Atlântica em nosso Estado; ou seja, a devastação do nosso maior fragmento de Mata Atlântica ao Norte do Rio São Francisco, criminosamente ameaçado pelo novo trajeto do Arco Viário Metropolitano, agora sob a tutela do DNIT.

Senhor Governador Eduardo Campos: nosso apelo é recorrente, uma vez que no ano passado denunciamos em audiência pública e à CPRH, os impactos nefastos da alternativa locacional defendida pelo consórcio Odebrecht Transport, Transport Participações S.A., Invepar e Queiroz Galvão Construção, contratado pelo Estado de Pernambuco para elaborar o EIA/RIMA do trajeto do arco (alternativa cujo trajeto rasgava a APA Aldeia-Beberibe, impondo significativa destruição ao fragmento de mata citado). Naquela oportunidade, o senhor reagiu positivamente e prontamente:

Posicionamento do Governador Eduardo Campos divulgado pela imprensa no Caderno “C” do JC em 25.03.2013:

“Eduardo Campos determinou ao seu Secretário de Governo, Milton Coelho, que faça adequações no projeto do Arco Viário Metropolitano, para que o traçado passe por fora da Área de Preservação Ambiental de Aldeia. Pelo projeto atual, seria necessário o desmatamento de 30 hectares de Mata Atlântica.”

Como consequência, a CPRH concluiu por indeferir em definitivo o trajeto que cortava a APA Aldeia-Beberibe (Proc. 02.14.01.000171-5 – 13/01/2014).

Agora depois desse desdobramento lúcido, por que estamos retornando ao senhor?

É que, para nossa surpresa, estranheza e estupefação, descobrimos que o projeto do Arco Metropolitano, passado do DER para o DNIT, e com edital de licitação já na praça, reedita o trajeto que corta, no seio da APA, o mesmíssimo fragmento de Mata Atlântica, só que em localização ainda mais crítica e com potencial de devastação significativamente maior, além de incluir, o novo traçado, dois viadutos e um imenso trevo (sobre a PE-27), em pleno coração da reserva.

Vale ressaltar que o novo trajeto foi deslocado apenas um ou dois quilômetros do trajeto anterior, já rejeitado pela CPRH. Salientando que ele rasga de forma ainda mais destrutiva a mesma mata, o que consideramos uma decisão desastrosa, absurda e despropositada, pelo que acarretará de prejuízo ambiental.

Apesar de agora tutelado pelo DNIT, o novo projeto é da “Secretaria de Transportes do Estado de Pernambuco”. Transfere-se apenas a titularidade do verdugo, que passa a ser um ente federal.

Nós não conseguimos entender, Sr. Governador, o porquê das reiteradas e obstinadas tentativas de destruição de nosso maior fragmento de Mata Atlântica! Será uma esquizofrenia de seus subordinados? Será insubordinação? Enfim, o que está verdadeiramente por trás dessa destruidora obstinação?

Quando o senhor, através do Decreto Estadual nº 34.692/10, criou a APA Aldeia-Beberibe, justificou:

CONSIDERANDO ser interesse do Estado a revitalização da bacia hidrográfica do Rio Beberibe, manancial hídrico de grande importância ambiental para a Região Metropolitana do Recife;

CONSIDERANDO que na área em apreço estão localizados remanescentes de mata atlântica que se constituem no maior bloco contínuo deste bioma localizado ao norte do rio São Francisco, com aproximadamente, 10.045ha, além de vários fragmentos dispersos, com potencial para conectividade e refúgio para espécies raras ameaçadas de extinção;

CONSIDERANDO que estes remanescentes têm a função de proteger áreas de nascentes de pequenos rios que afluem ao rio Capibaribe e de rios que formam o Grupo de Bacias Litorâneas 1 – GL 1 – do Estado de Pernambuco, os quais contribuem para a complementação do sistema de abastecimento público da Região Metropolitana do Recife;

CONSIDERANDO que essa região foi classificada, em 2002, pelo Atlas da Biodiversidade de Pernambuco, elaborado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente - SECTMA, como de importância biológica Extrema e Muita Alta para a conservação da biodiversidade, o quê ratifica a necessidade de proteção desse significativo patrimônio biológico pelo Estado;

CONSIDERANDO que muitas áreas florestadas recobrem espaços com declividades superiores a 45°, topos de morro, cursos d’água e nascentes, definidos como Áreas de Preservação Permanente, Lei Federal nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e, em sua maioria, estão inseridas na Área de Proteção de Mananciais da RMR, instituída pela Lei nº 9.860, de 12 de agosto de 1986;

CONSIDERANDO que a área abriga o único reservatório do Litoral Norte – a Barragem de Botafogo – integrado ao sistema de abastecimento público da RMR;

CONSIDERANDO que, além da rica e importante diversidade biológica, essa área apresenta atributos paisagísticos que merecem ser apropriados e protegidos pela sociedade e pelo Estado;

A criação da APA ALDEIA BEBERIBE, tem por objetivo:

I - promover o desenvolvimento sustentável, respeitando a capacidade de suporte ambiental dos ecossistemas, potencializando as vocações naturais, culturais, artísticas, históricas e ecoturísticas do território;

II - proteger as espécies raras ameaçadas de extinção existentes nas 05 (cinco) unidades de conservação ocorrentes na área e nos remanescentes florestais da região;

III - proteger os mananciais hídricos superficiais e subterrâneos, assegurando as condições de permeabilidade e manutenção de suas áreas de recarga e de nascentes;

IV - incentivar o desenvolvimento de ações que promovam a restauração florestal, tais como, a recuperação das matas ciliares, do entorno de nascentes e reservatórios e das áreas degradadas.


São suas palavras e compromisso que ficarão registrados na História e perpetuados através de seu decreto. Estão em suas palavras e compromisso a eventual garantia de que as futuras gerações poderão conhecer um fragmento residual de Mata Atlântica de 10.000 ha! É pouco, muito pouco, mas é o que nos resta.

Portanto, Sr. Governador Eduardo Campos, recorremos mais uma vez para que o senhor intervenha a tempo de evitar esse desastre anunciado, e estendemos nosso apelo a Marina Silva e Sérgio Xavier, associados ao senhor num projeto político apresentado como novo, e pautado pelo vetores da Sustentabilidade, Valoração e Proteção do Meio Ambiente, que o apoiem.

Esperamos e aguardamos uma decisão positiva para nossa APA Aldeia-Beberibe, resguardando-nos de mais esse impacto ambiental cuja destruição, sem dúvida, repercutirá negativamente em todo o nosso Estado.

FÓRUM SOCIOAMBIENTAL DE ALDEIA
Sociedade civil que congrega diversas entidades ambientais da região de Aldeia

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

UTILIDADE PÚBLICA - Leishmaniose em Aldeia

O Fórum Socioambiental de Aldeia recebeu correspondência enviada por morador do Condomínio Ricaflora, alertando para casos de leishmaniose na nossa Região. Segundo consta do e-mail, a Secretaria de Saúde foi contatada, tendo a médica responsável pelo Setor de Vigilância e Saúde dito que "os casos são em Chã de Cruz e que só faria alguma coisa se aparecessem casos em Camaragibe".

Isto denota um grave descaso com a saúde da nossa população, que já vem sendo agredida com a dengue. Torna-se importante a divulgação do texto a seguir, que veio juntamente com o mencionado e-mail, para que possamos pressionar o poder público: 

LEISHMANIOSE em ALDEIA

Christina Peixoto
Fundação Oswaldo Cruz

Nossa Aldeia dos Camarás tem sido acometida com um surto de leishmaniose. Pelos dados fornecidos por agentes de saúde, são mais de 40 casos. Exija da Secretaria de Saúde de Camaragibe providências (Secretário de Saúde: Alexandre Ricardo M Costa, telefone do Gabinete: 2129-9571, ou ligue para Vigilância de Saúde – Dra. Viviane 9994-2005).

Pernambuco é uma área endêmica de leishmaniose onde há transmissão constante da doença, principalmente na Zona da Mata (JC 2013). É a segunda doença parasitária que mais mata, depois da malária.

A leishmaniose é uma doença infecciosa causada por protozoários parasitas do gênero Leishmania. Os parasitas vivem e se multiplicam no interior das células que fazem parte do sistema de defesa do indivíduo, chamadas macrófagos.

Há dois tipos de leishmaniose: leishmaniose tegumentar ou cutânea e leishmaniose visceral ou calazar.

A leishmaniose tegumentar caracteriza-se por feridas na pele que se localizam com maior frequência nas partes descobertas do corpo.Tardiamente, podem surgir feridas nas mucosas do nariz, da boca e da garganta. Essa forma de leishmaniose é conhecida como “ferida brava”.
  
 A leishmaniose visceral é uma doença sistêmica, pois acomete vários órgãos internos, principalmente o fígado, o baço e a medula óssea. Esse tipo de leishmaniose acomete principalmente crianças de até dez anos e idosos. É uma doença de evolução longa, podendo durar alguns meses ou até ultrapassar o período de um ano.

A leishmaniose é transmitida por insetos hematófagos (que se alimentam de sangue) conhecidos como flebótomos ou flebotomíneos. Seus nomes variam de acordo com a localidade; os mais comuns são: mosquito-palha, tatuquira, birigui, cangalinha, asa branca, asa dura e palhinha. O mosquito-palha ou asa branca é mais encontrado em lugares úmidos, escuros, onde existem muitas plantas.
Os adultos parecem voar poucas centenas de metros, em geral com um voo saltitante e só picam partes do corpo não cobertas por roupas. Sua picada costuma ser dolorosa, e podem transmitir várias espécies de Leishmania, tanto em florestas quanto em ambientes modificados

A doença não é contagiosa nem se transmite diretamente de uma pessoa para outra, nem de um animal para outro, nem dos animais para as pessoas. A transmissão do parasita ocorre apenas através da picada do mosquito.
A Leishmaniose afeta principalmente canídeos (raposas, cães), roedores, edentados (tamanduás, preguiças) e equídeos que passam a ser reservatórios do protozoário.

Tratamento

O arsenal terapêutico para as leishmanioses é muito reduzido. Todas as medicações em uso são potencialmente tóxicas, nenhuma é totalmente eficaz.
Não existe uma vacina para humanos comprovadamente eficaz.
Os antimoniais pentavalentes, por via endovenosa, são as drogas mais indicadas para o tratamento da leishmaniose, apesar dos efeitos colaterais adversos.
Não havendo resposta satisfatória com o tratamento pelo antimonial pentavalente, as drogas de segunda escolha são a anfotericina B, cujo inconveniente é o alto preço do medicamento.
 As lesões ulceradas podem sofrer contaminação secundária, razão pela qual devem ser prescritos cuidados locais, como limpeza com água e sabão.
A regressão dos sintomas é sinal de que a doença foi pelo menos controlada, uma vez que pode recidivar até seis meses depois de terminado o tratamento.
Humanos e outros animais infectados são considerados reservatórios da doença. Por isto é importante fazer os exames também nos cães em caso de identificação da doença

Recomendações

* Mantenha a casa limpa e o quintal livre dos criadores de insetos. O mosquito-palha vive nas proximidades das residências, preferencialmente em lugares úmidos, mais escuros e com acúmulo de material orgânico. Ataca nas primeiras horas do dia ou ao entardecer;
* Coloque telas em portas e janelas e embale sempre o lixo;
* Use mosquiteiros, repelentes, camisas de manga comprida, calças compridas e meias;
* Cuide bem da saúde do seu cão. Ele poderá transformar-se num reservatório doméstico do parasita que será transmitido para pessoas próximas e outros animais não diretamente, mas por meio da picada do mosquito vetor da doença. É aconselhável o uso de coleira antiparasitária (impregnada com deltrametrina) e vacinação (disponível nas clínicas veterinárias de Aldeia).

* Lembre-se de que os casos de leishmaniose são de comunicação compulsória ao serviço oficial de saúde.

Para saber mais:

BASANO, S. A.; CAMARGO, L. M. A. Leishmaniose tegumentar americana: histórico, epidemiologia e perspectivas de controle. Revista Brasileira de Epidemiologia, v.7, p. 328-337, n.3, 2004.
Drauzio Varella http://drauziovarella.com.br/letras/l/leishmaniose-visceral-calazar/
JC 2013 http://jconlineblogs.ne10.uol.com.br/maissaude/vem-ai-novo-remedio-para-leishmaniose-cutanea/
Wikipedia 2014. Leishmaniose. http://pt.wikipedia.org/wiki/Leishmaniose

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Termoelétricas - Informação é o Primeiro Passo

Fizemos uma pesquisa e destacamos aqui alguns trechos bastante elucidativos sobre o mal que representam as usinas termoelétricas, para que nos tornemos bem conscientes de todos os problemas a que estamos expostos, em Aldeia, com a instalação de usinas dessa categoria bem no coração da nossa Área de Proteção Ambiental, a APA Aldeia-Beberibe.


Usinas térmicas de Aldeia - localizadas junto aos aquíferos
Pernambuco, com a instalação das termoelétricas, está, definitivamente, na contramão de qualquer conceito de sustentabilidade. Nossas reservas ecológicas estão sofrendo um xeque-mate. Ninguém se iluda. Impossível combinar meio ambiente com usina térmica. Resta-nos a indignação. Resta-nos o protesto. Um protesto maciço contra a destruição de um dos maiores santuários do Nordeste.

Seguem alguns textos esclarecedores e os links de onde foram tirados:  

[As usinas térmicas] Contribuem para o aquecimento global através do efeito estufa e da chuva ácida. A queima de gás natural lança na atmosfera grandes quantidades de poluentes, além de ser um combustível fóssil que não se recupera.
O Brasil lança por ano 4,5 milhões de toneladas de carbono na atmosfera, com o incremento na construção de usinas termelétricas esse indicador chegará a 16 milhões.


Este governo “brasileiro” pretende agora instalar 49 (!) usinas termoelétricas no Brasil inteiro, movidas a gás natural e a serem compradas de multinacionais. E, se as concessionárias que possuirão essas malfadadas usinas estão sendo privatizadas, por que os gastos com as instalações estão sendo feitos com o dinheiro do povo pobre e indo em beneficio de particulares multibilionários? Não devia ser o povo brasileiro a ganhar com a “venda”? E ao contrário do que tem sido divulgado no Brasil como propaganda enganosa, o gás natural não é energia limpa, ele é apenas 20% menos poluente do que o petróleo. Para cada GWh produzido com gás natural, são emitidas em torno de 500 toneladas de CO2 para a atmosfera. E para que essas 500 toneladas sejam lançadas ao ar do Brasil, basta apenas duas horas de operação de cada uma dessas usinas que querem desnecessariamente espalhar pelo País. Os gases poluentes emitidos agora para a atmosfera demorarão 150 anos para se dissipar. (...)

Nos últimos dias está sendo veiculada uma campanha publicitária que usa o seguinte slogan para as termoelétricas: “Sem influência das estações climáticas”. É ‘perfeitinho’, pois o slogan certo mesmo para as termoelétricas é: “Têm influência nas estações climáticas”!

O Brasil tem muito a ganhar em termos de conservação de energia, por exemplo. O Coeficiente de Intensidade Energética (CIE) que dá uma medida do quanto eficiente é o parque energético, indica que o CIE do Brasil é de 0,64 enquanto que o da Alemanha é de 0,32 e o do Japão é de 0,27, mostrando que existe muito espaço no Brasil para tecnologias e medidas que aumentem a eficiência energética. Uma geladeira feita no Brasil consome cerca de 350 kWh enquanto que essa geladeira de mesmo tamanho feita na Dinamarca consome 100 kWh. Ou seja, nossas indústrias consomem muita energia para produzir equipamentos que consomem muita energia e, conseqüentemente, com preços mais elevados. Seria (se é que alguma coisa ainda faz sentido no Brasil de hoje…) preciso que o governo criasse medidas para auxiliar a modernidade do nosso parque industrial. Assim, além de podermos encontrar mais energia aqui mesmo, ao mesmo tempo nos tornaríamos mais competitivos nos mercados internacionais.

Não é com a instalação de usinas poluentes, danosas e caras que iremos aumentar nossa eficiência energética e nossa competitividade, ao contrário, continuaremos obsoletos e nos prejudicando ainda mais! O custo médio do MWh da hidrelétrica fica entre US$ 17 a US$ 20, enquanto que o MWh da usina termoelétrica está em torno de US$ 35. As nossas linhas de transmissão também são obsoletas e estima-se que nos países do terceiro mundo a correspondente perda de energia é da ordem de 20% da energia gerada. Vinte por cento sobre a capacidade instalada no Brasil corresponde à cerca de 12 GW, exatamente uma usina de Itaipu. Adicionalmente, anos atrás lançamos pela imprensa nacional a idéia de um programa de substituição parcial das lâmpadas atuais por lâmpadas mais eficientes existentes no mercado. Verificamos, naquela época, que através de um programa desses poderíamos ganhar em todo o Brasil o equivalente a mais uma usina de Itaipu.(...)

A energia solar pode dar uma enorme contribuição para a redução do consumo-pico de energia elétrica bem como proteger o ambiente e diminuir a demanda de energia convencional. Poderíamos ainda citar várias outras soluções, mas apenas mencionaremos as micro-hidrelétricas como saída complementar. Com a disponibilidade de recursos de toda ordem e de energia limpa que o Brasil foi abençoado (às vezes parece não ser meritório) e com as possibilidades de conservação de energia verifica-se que não precisamos danificar o País nem aumentar a poluição do nosso ar com essas nefastas usinas termoelétricas, que gerarão piores conseqüências depois porém mais endividamento do País e empobrecimento do povo agora. Temos muita energia de sobra e limpa aqui mesmo sem necessidade de gastarmos em geração termoelétrica que é alienígena aos nossos recursos energéticos e danosa ao País, ao povo e ao ambiente. Todavia, a solução dos problemas brasileiros não tem passado pelos caminhos do apoio explícito às necessidades básicas do povo e da defesa da Nação.

SOBRE O AUTOR
Ernani Sartori é editor científico de publicações internacionais
Email: solar@members.ises.org


O maior impacto ambiental produzido pelas termoelétricas são os gases, muitos deles de efeito estufa. São produzidos óxidos e dióxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio, monóxido e dióxido de carbono, outros gases e particulados.

Também existe a geração de hidrocarbonetos. Os óxidos de nitrogênio são formadores de ozônio de baixa altitude, prejudiciais à saúde. A poluição causa problemas respiratórios, como infecções dos brônquios e doenças pulmonares. 


O setor de energia ganhou as primeiras páginas dos jornais no início de 2013 com o baixo nível dos reservatórios e a possibilidade de manter as termelétricas ligadas ao longo de todo o ano para compensar a falta de chuvas. Célio Bermann, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, é um crítico severo dessa solução. Um dos mais respeitados especialistas na área energética do país, trabalhou como assessor da então Ministra Dilma Rousseff no Ministério de Minas e Energia, entre 2003 e 2004. “Saí quando verifiquei que o Ministério de Minas e Energia estava fazendo o contrário do que eu pensava que seria possível", diz ele. Severo crítico da hidrelétrica de Belo Monte, fez parte do painel de especialistas que concluíram que o projeto da usina não deveria ter seguimento.

Bermann conversou com ((o))eco sobre os caminhos do setor energético e possíveis soluções para evitar o uso intensivo das termoelétricas como complementação das hidrelétricas.

((o))eco: O Ministério de Minas e Energia estuda usar as termelétricas de forma permanente, para poupar os reservatórios. O que o senhor acha disso?

Utilizar termelétricas para complementar o sistema hidrelétrico é uma solução equivocada. Em primeiro lugar, estamos falando de um sistema elétrico que prioriza a geração de energia a partir da água, o que o torna dependente do regime hidrológico. É preciso com urgência diversificar a matriz de eletricidade do Brasil, utilizando fontes que, ao mesmo tempo, possam complementar o regime da falta de água e que sejam viáveis do ponto de vista econômico e ambiental.

((o))eco: Por quê?

Primeiro, porque a termoeletricidade pode custar 4 vezes mais do que a hidroeletricidade. Além disso, utiliza três fontes fósseis derivados de petróleo: óleo combustível, carvão mineral e gás natural. O principal problema na utilização das fontes fósseis, ao meu entender, não são as emissões de gases de efeito estufa. No caso brasileiro, o problema maior das termoelétricas é serem emissoras de hidrocarbonetos, de dióxido de nitrogênio, de dióxido de enxofre, de material particulado e de fumaça.

((o))eco: Quais são as consequências?

O impacto ambiental dessas fontes é sobre a saúde pública. A vizinhança dessas usinas fica suscetível a doenças crônicas causadas por esse coquetel de poluição.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Aldeia Invadida por Caminhões de Óleo Diesel

Como se não bastassem todos os males advindos da usina termoelétrica, instalada em pleno território da APA (Área de Proteção Ambiental) Aldeia-Beberibe (poluição sonora, poluição do ar e poluição visual), temos agora de conviver com o intenso tráfego de caminhões carregados de óleo diesel, tanto na Estrada de Aldeia, como na Estrada da Mumbeca. Isto é um absurdo pelo perigo que esses imensos caminhões representam. 

A Estrada de Aldeia (PE-27), que queremos transformar numa via mais aprazível, compatível com a região, vem sofrendo com o intenso tráfego de caminhões dágua, caminhões de materiais de construção, além do crescente número de automóveis dos seus moradores e visitantes.

Quanto à Estrada da Mumbeca, foi construída sem acostamento, o que, por si só, já é um risco. É uma estrada perigosa, cheia de curvas.

Caminhões como este da foto, que trafegam agora às dezenas, diariamente, por nossas estradas, não raro em velocidade alta, são verdadeiras bombas, pondo em risco nossa população. 

Lamentável e inaceitável! ACORDA, CIDADÃO ALDEENSE!

sábado, 1 de fevereiro de 2014

O Ártico e Nós

Recebemos uma notícia alentadora esta semana, fornecida pelo Greenpeace:

"A Shell desiste dos planos de perfurar o Ártico este ano! Após a pressão de milhões de pessoas em todo o mundo, a empresa recuou e não vai explorar o Ártico."

O que isto tem a ver conosco?

Tudo a ver. Primeiramente, ilude-se quem ainda pensa que o mundo não está interligado e que a morte de um ecossistema distante não produz efeitos em todos os outros ecossistemas do planeta. 

Mas o ponto-chave, que gostaríamos de ressaltar aqui, é o seguinte: quais são os autores desse fantástico feito? Alguém pode imaginar um gigante como a Shell, com interesses econômicos imensos, louca para fincar suas garras no Ártico, recuando? Graças a quê? Políticos? Empresários influentes? Não. A Shell cedeu graças às pressões de pessoas comuns, cidadãos que se moveram e, através de abaixo-assinados, disseram "NÃO" à exploração do santuário ecológico do Ártico. 

Que sirva de reflexão para nós. Que sirva de impulso para quem se acomoda e pensa que não podemos nada. Nós podemos tudo. Mas, primeiro, precisamos acreditar. Segundo, sair da acomodação.

Nossa APA Aldeia-Beberibe está em risco. Nosso pequeno santuário não resistirá por muito tempo se não houver uma mobilização séria da população.

Informe-se! Junte-se a nós!