O Fórum Socioambiental de Aldeia recebeu correspondência enviada por morador do Condomínio Ricaflora, alertando para casos de leishmaniose na nossa Região. Segundo consta do e-mail, a Secretaria de Saúde foi contatada, tendo a médica responsável pelo Setor de Vigilância e Saúde dito que "os casos são em Chã de Cruz e que só faria alguma coisa se
aparecessem casos em Camaragibe".
Isto denota um grave descaso com a saúde da nossa população, que já vem sendo agredida com a dengue. Torna-se importante a divulgação do texto a seguir, que veio juntamente com o mencionado e-mail, para que possamos pressionar o poder público:
LEISHMANIOSE em ALDEIA
Christina Peixoto
Fundação Oswaldo Cruz
Nossa Aldeia dos Camarás tem sido acometida com um surto
de leishmaniose. Pelos dados fornecidos por agentes de saúde, são mais de 40
casos. Exija da Secretaria de Saúde de Camaragibe providências (Secretário de
Saúde: Alexandre Ricardo M Costa, telefone do Gabinete: 2129-9571, ou ligue
para Vigilância de Saúde – Dra. Viviane 9994-2005).
Pernambuco é uma área endêmica de leishmaniose onde há
transmissão constante da doença, principalmente na Zona da Mata (JC 2013). É a
segunda doença parasitária que mais mata, depois da malária.
A leishmaniose é uma doença infecciosa causada por protozoários
parasitas do gênero Leishmania. Os parasitas vivem e se multiplicam no interior
das células que fazem parte do sistema de defesa do indivíduo, chamadas
macrófagos.
Há dois tipos de leishmaniose: leishmaniose tegumentar ou
cutânea e leishmaniose visceral ou calazar.
A leishmaniose tegumentar caracteriza-se por feridas na
pele que se localizam com maior frequência nas partes descobertas do
corpo.Tardiamente, podem surgir feridas nas mucosas do nariz, da boca e da
garganta. Essa forma de leishmaniose é conhecida como “ferida brava”.
A leishmaniose
visceral é uma doença sistêmica, pois acomete vários órgãos internos,
principalmente o fígado, o baço e a medula óssea. Esse tipo de leishmaniose
acomete principalmente crianças de até dez anos e idosos. É uma doença de
evolução longa, podendo durar alguns meses ou até ultrapassar o período de um
ano.
A leishmaniose é transmitida por insetos hematófagos (que
se alimentam de sangue) conhecidos como flebótomos ou flebotomíneos. Seus nomes
variam de acordo com a localidade; os mais comuns são: mosquito-palha,
tatuquira, birigui, cangalinha, asa branca, asa dura e palhinha. O
mosquito-palha ou asa branca é mais encontrado em lugares úmidos, escuros, onde
existem muitas plantas.
Os adultos parecem voar poucas centenas de metros, em
geral com um voo saltitante e só picam partes do corpo não cobertas por roupas.
Sua picada costuma ser dolorosa, e podem transmitir várias espécies de Leishmania,
tanto em florestas quanto em ambientes modificados
A doença não é contagiosa nem se transmite diretamente de
uma pessoa para outra, nem de um animal para outro, nem dos animais para as
pessoas. A transmissão do parasita ocorre apenas através da picada do mosquito.
A Leishmaniose afeta principalmente canídeos (raposas,
cães), roedores, edentados (tamanduás, preguiças) e equídeos que passam a ser
reservatórios do protozoário.
Tratamento
O arsenal terapêutico para as leishmanioses é muito
reduzido. Todas as medicações em uso são potencialmente tóxicas, nenhuma é
totalmente eficaz.
Não existe uma vacina para humanos comprovadamente
eficaz.
Os antimoniais pentavalentes, por via endovenosa, são as
drogas mais indicadas para o tratamento da leishmaniose, apesar dos efeitos
colaterais adversos.
Não havendo resposta satisfatória com o tratamento pelo
antimonial pentavalente, as drogas de segunda escolha são a anfotericina B,
cujo inconveniente é o alto preço do medicamento.
As lesões
ulceradas podem sofrer contaminação secundária, razão pela qual devem ser
prescritos cuidados locais, como limpeza com água e sabão.
A regressão dos sintomas é sinal de que a doença foi pelo
menos controlada, uma vez que pode recidivar até seis meses depois de terminado
o tratamento.
Humanos e outros animais infectados são considerados
reservatórios da doença. Por isto é importante fazer os exames também nos cães
em caso de identificação da doença
Recomendações
* Mantenha a casa limpa e o quintal livre dos criadores
de insetos. O mosquito-palha vive nas proximidades das residências,
preferencialmente em lugares úmidos, mais escuros e com acúmulo de material
orgânico. Ataca nas primeiras horas do dia ou ao entardecer;
* Coloque telas em portas e janelas e embale sempre o
lixo;
* Use mosquiteiros, repelentes, camisas de manga
comprida, calças compridas e meias;
* Cuide bem da saúde do seu cão. Ele poderá
transformar-se num reservatório doméstico do parasita que será
transmitido para pessoas próximas e outros animais não diretamente,
mas por meio da picada do mosquito vetor da doença. É aconselhável o uso
de coleira antiparasitária (impregnada com deltrametrina) e vacinação
(disponível nas clínicas veterinárias de Aldeia).
* Lembre-se de que os casos de leishmaniose são de
comunicação compulsória ao serviço oficial de saúde.
Para saber mais:
BASANO, S. A.; CAMARGO, L. M. A. Leishmaniose tegumentar
americana: histórico, epidemiologia e perspectivas de controle. Revista
Brasileira de Epidemiologia, v.7, p. 328-337, n.3, 2004.
Drauzio Varella http://drauziovarella.com.br/letras/l/leishmaniose-visceral-calazar/
JC 2013
http://jconlineblogs.ne10.uol.com.br/maissaude/vem-ai-novo-remedio-para-leishmaniose-cutanea/
Wikipedia 2014. Leishmaniose. http://pt.wikipedia.org/wiki/Leishmaniose
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