quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Ação Integrada da Cidadania em Aldeia (cont.)

Continuamos neste post o relato sobre a participação do Fórum de Aldeia no evento Ação Integrada da Cidadania em Aldeia, promovido sábado passado pela SEART em parceria com outras entidades, nas instalações da FOP em Aldeia.
Hilton Losant, advogado e membro do Fórum, participou da mesa de debate do Workshop 1, intitulado “Direitos Humanos”,  nos enviou o relato que reproduzimos (editado) a seguir:

 O Workshop 1 foi desorganizado, começando pela indicação do local. Levei quase meia hora subindo e descendo escadas, tentando conseguir alguém que me indicasse o local onde o mesmo seria realizado; quando finalmente encontrei, eram 9:30h. Notem agora o absurdo - estava previsto o seguinte programa:
     9:00 - Palestra com Profª Draª Karynan e Prof. Ronaldo Marinho;
    10:00 - Mesa de Debate com Dr. Marcellus Ugietti, Dra. Sineide Canuto, Prof. Ronaldo Marinho e eu;
    11:00 - Minicurso ministrado pelo Dr. André Canuto.
     Como havia dito, cheguei às 9:30h e lá estava o Prof. André Canuto dando o minicurso sobre 'Mediação e Conciliação de Conflitos'. Conforme a programação, naquele horário deveria estar havendo a palestra sobre 'A Realidade do Sistema Carcerário'... fiquei um pouco para observar... em seguida procurei o coordenador, que me disse que a sala era aquela mesma e que não sabia o que estava acontecendo. Voltei e esperei que o professor André terminasse. Terminando, notei que a Dra.. Sineide Canuto chamou a Dra. Karyna, o Prof. Ronaldo Marinho e Dr. Marcellus Ugietti para compor a mesa. Dra. Karyna começou a discorrer sobre Direitos Humanos (conceitos, verdades e mentiras), quando, conforme o programa, deveria falar sobre Realidade do Sistema Carcerário.
 Terminada a fala da palestrante,  a Dra. Sineide, que estava fazendo o papel do Dr. Adeildo Nunes (OAB-PE), que havia faltado, chamou o Dr. Marcellus Ugiette para compor a Mesa de Debate, da qual eu faria parte. Nesse momento me dirigi à Dra. Sineide para saber o que estava havendo. Bastante constrangida, ela pediu mil desculpas e solicitou  que eu fizesse parte da mesa. Relatei minha indignação pelo ocorrido, deixando evidenciada a desorganização existente e pedi desculpas pela minha sinceridade, pois queria deixar registrado meu protesto, se é que alguém estava registrando alguma coisa ali.

Enfim, o que de fato sucedeu durante minha participação:
     A Dra. Sineide, por iniciativa própria, que refuto bastante louvável, vendo o que estava acontecendo, na ausência de um presidente/coordenador, acredito que, por volta das 9h.00, com a sala já com mais de 30 pessoas, sendo a grande maioria alunos do Curso de Direito,  resolveu assumir o comando das atividades e mudou o roteiro do que havia sido programado;
    Daí a confusão, pois pelo visto, o único que não havia sido informado era eu.

    Bem, fui colocado na condição de falar de um tema que ainda não nos ocupamos, uma vez que estamos em campanha contra a construção de um presídio em Araçoiaba. Consegui, de uma forma elegante, dizer que não discordava em tese das propostas de benefícios para os presos, sugeridos por todos os palestrantes. No momento em que me foi dada a palavra pontuei algumas colocações feitas por cada um dos palestrantes que me sucederam. Como exemplo, citarei algumas de minhas colocações:
     Pela superlotação, a necessidade da construção de mais presídios - Falei em se tentar combater a causa e não o fato de aumento da criminalidade, através da educação e de se dar condições de vida digna a todos os cidadãos... Citei o exemplo da Coréia do Sul, cujo índice de criminalidade é quase zero...
    Os promotores de justiça  chamaram a atenção para os desmandos praticados por alguns juízes e o advento da Lei dos Crimes Hediondos, como fatores que contribuem para as super-lotações no Sistema Carcerário...
Chamei a devida atenção para o fato da justiça não fazer distinção entre o tratamento dado ao 'ladrão de galinha' e a o um agente de latrocínio... E, infelizmente, decidir fundamentando-se na equidade não tem sido  a prática da maioria dos magistrados brasileiros.
 Para tal citei exemplos...
    Falaram da vulnerabilidade a que estão sujeitos os presos. E falaram que, sobrevivendo estariam soltos no futuro...  Pedi que não esquecessem da vulnerabilidade maior que tem o cidadão de bem diante no que diz respeito a total insegurança quanto ao seu direito constitucional de ir e vir.
    Falou-se da não possibilidade de se dar trabalho ao preso, pois depois ele poderia processar o Estado, buscando direitos trabalhistas. - Argumentei que, se não existe uma lei que ampare o Estado contra esse tipo de ação, proposta por quem praticou um delito e cumpriu pena, então devemos pressionar o legislativo para que a crie. Também chamei a atenção de que, enquanto tal lei não for feita, devem ser tomadas algumas medidas, pois se o preso não pode trabalhar, devemos ocupá-lo de alguma forma, pois uma pessoa desocupada é um terreno fértil para tudo que não presta.
    Por fim, falei que o Fórum Socioambiental de Aldeia não era contra a construção de presídios (infelizmente necessários), mas contra a construção desse de Araçoiaba, em área de mananciais e próximo a uma região urbana em expansão, pois que distaria apenas a 2 km do centro de Araçoiaba. Construindo ali, o próprio Estado estaria desobedecendo diversas leis, seja no âmbito federal, estadual e municipal.
Por último, vejo que o Fórum  não tem tido quantidade de participantes em reuniões ou mesmo quando se partir para uma ação efetiva. Entretanto, o grupo presente, atualmente, tem mostrado coesão nos seus propósitos e muita competência e determinação, apesar da precariedade dos nossos recursos.
O importante é não esmorecer.
Vamos adiante...

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